Pastor que quer queimar o Corão tem passado polêmico na Alemanha
AGENCIA EFE
09/09/201008:28 h.A notícia foi revelada pelo antigo responsável pelo acompanhamento de seitas da Igreja Evangélica Alemã na Renânia, Joachim Keden, que disse ainda que "Jones é o clássico dirigente sectário com visão fundamentalista extrema", em entrevista ao jornal "Berliner Zeitung".
Seu sucessor no cargo e também especialista em seitas, Andrew Schäfer, destaca que Jones foi condenado em 2002 por um tribunal da cidade alemã de Colônia a uma pena de três mil euros por falsidade documentária, ao afirmar que tinha um título de doutor que não possuía.
Além disso, foi acusado, mas não chegou a ser processado, de exploração laboral dos membros mais jovens de sua seita e de se apropriar indevidamente de fundos de seu grupo religioso, o que conduziu a sua primeira expulsão da comunidade religiosa que tinha fundado.
Sua readmissão só aconteceu "após o pagamento de uma reparação econômica de quatro a cinco dígitos", segundo revela ao mesmo jornal Stephan Baar, um dos atuais representantes da "Comunidade Cristã de Colônia", fundada por Jones e que, segundo suas palavras, tem agora cerca de 80 membros ativos.
"Estamos tão comovidos como o resto do mundo", diz Baar ao explicar a reação da antiga comunidade de Jones quando ficou sabendo das intenções de queimar exemplares do Corão.
Keden comenta ainda que Jones e sua família foram obrigados a abandonar definitivamente a seita e a Alemanha em 2008, quando retornaram aos Estados Unidos e se instalaram no estado da Flórida.
Segundo Schäfer, o fim da história de Jones na Alemanha em 2008 aconteceu pelas mãos de um casal idoso ameaçado de expulsão pelo polêmico pastor e que denunciou seus métodos de trabalho.
Na ocasião, houve denúncia de que os membros mais jovens da comunidade eram explorados como transportadores de móveis usados que a seita recebia em suas seis casas para atender indigentes em Colônia.
"Correu então a suspeita de que ele vendia os móveis de segunda mão e que ficava com o dinheiro", revela Schäfer, que afirma que esse escândalo foi o que motivou "sua fuga precipitada da Alemanha".
Após assinalar que Jones chegou à Alemanha em 1983, onde fundou a comunidade religiosa, Keden disse que praticamente desde o início das atividades do polêmico pastor, seu escritório teve que assessorar membros da seita que desejavam abandoná-la.
"As pessoas se queixavam de severos atos de penitência e rituais públicos de arrependimento e declaração de fé, por medo de satanás e demônios", explica Keden, que destaca que Jones chegou a ter mil de seguidores na Alemanha, em sua maioria famílias jovens.
Schäfer, por sua parte, comenta que, enquanto Jones controlava a seita, "tivemos com frequência casos de assessoria a membros da comunidade, com muitas tragédias privadas, mas nunca ninguém teve a coragem de se rebelar abertamente contra Jones".